sexta-feira, 29 de julho de 2016

"O ENCONTRO DAS PEDRAS COM O MAR"





Manhã nublada mar agitado
Ferozes nas pedras as ondas a bater
Silencioso distraidamente frente ao mar
Mente fervilhando pensamentos a vagar

O toque leve 
Das ondas parece as pedras acariciar
A suavidade da maresia
Meu rosto a afagar 

No acasalamento das ondas
Com as pedras a flertar
Impassível me encontro
Os mistérios da natureza a observar

O encontro das pedras com o mar
Numa imagem impar 
O vento sopra a maresia
Neste encontro magistral

Com o mar
Por entre ondas e ilhas
As ondas vem as pedras germinar 
Neste extasiante se tocar
No encontro das pedras com o mar



                  Poeta do Sertão

quarta-feira, 27 de julho de 2016

"O ABISMO"




Na escuridão 
Do meu quarto 
Um abismo da realidade
A me separar...

Neste meu mundo
Não há o brilho do luar
Sou como uma mariposa
Sem ter onde pousar

O abismo que há
Entre meu mundo
E esta louca 
Maneira de pensar

Como posso 
Com o mundo me relacionar
Se existe em meu quarto
Um abismo a me aprisionar

Liberte-se mariposa
Alcance a lampada a te esperar
Transforme este abismo
Em um novo brilho
O sol esta a te esperar...

             Poeta do Sertão

Homenagem a ÁLVARES DE AZEVEDO NA MINHA TERRA




Amo o vento da noite sussurrante
A tremer nos pinheiros
E a cantiga do pobre caminhante
No rancho dos tropeiros;

E os monótonos sons de uma viola
No tardio verão,
E a estrada que além se desenrola
No véu da escuridão;

A restinga d'areia onde rebenta
O oceano a bramir,
Onde a lua na praia macilenta
Vem pálida luzir;

E a névoa e flores e o doce ar cheiroso
Do amanhecer na serra,
E o céu azul e o manto nebuloso
Do céu de minha terra;

E o longo vale de florinhas cheio
E a névoa que desceu,
Como véu de donzela em branco seio,
As estrelas do céu.

Não é mais bela, não, a argêntea praia
Que beija o mar do sul,
Onde eterno perfume a flor desmaia
E o céu é sempre azul;

Onde os serros fantásticos roxeiam
Nas tardes de verão
E os suspiros nos lábios incendeiam
E pulsa o coração!

Sonho da vida que doirou e azula
A fada dos amores,
Onde a mangueira ao vento tremula
Sacode as brancas flores,

E é saudoso viver nessa dormência
Do lânguido sentir,
Nos enganos suaves da existência
Sentindo-se dormir;

Quando o gênio da noite vaporosa
Pela encosta bravia
Na laranjeira em flor toda orvalhosa
De aroma se inebria,

No luar junto à sombra recendente
De um arvoredo em flor,
Que saudades e amor que influi na mente
Da montanha o frescor!

E quando à noite no luar saudoso
Minha pálida amante
Ergue seus olhos úmidos de gozo,
E o lábio palpitante...

Cheia da argêntea luz do firmamento
Orando por seus Deus
Então eu curvo a fronte ao sentimento
Sobre os joelhos seus...

E quando sua voz entre harmonias 
Sufoca-se de amor
E dobra a fronte bela de magias
Como pálida flor

E a alma pura nos seus olhos brilha
Em desmaio véu
Como de um anjo na cheirosa trilha
Respiro o amor do céu

Melhor a viração uma per uma
Vem as folhas tremer
E a floresta saudosa se perfuma 
Da noite no morrer

E eu amo as flores e o doce ar mimoso
Do amanhecer da serra
E o céu azul e o manto nebuloso
Do céu da minha terra

    Homenagem postada por 
          Poeta do Sertão

Manuel Antônio Álvares de Azevedo, poeta.
(São Paulo - SP, 1831 - 1852), Obras Principais: Obras I (Lira dos Vinte Anos), 1853; Obras II (Pedro Ivo, Macário, A Noite na Taverna, etc), 1855.

terça-feira, 26 de julho de 2016

Homenagem a Casimiro de Abreu "Canção do Exílio"



 



Se eu tenho de morrer na flor dos anos,
Meu Deus! não seja já
Eu quero ouvir na laranjeira, a tarde
Cantar o sabiá!

Meu Deus, eu sinto e tu bem vês que eu morro,
Respirando este ar;
Faz que eu viva, Senhor! dá-me de novo
Os gozos do meu lar!

O país estrangeiro mais belezas,
Do que a pátria não tem;
E este mundo não vale um só dos beijos,
Tão doces duma mãe!

Dá-me os sítios gentis onde eu brincava
Lá na quadra infantil;
Dá que eu veja uma vez o céu da pátria
O céu do meu Brasil!

Se eu tenho de morrer na flor dos anos
Meu Deus! não seja já!
Eu quero ouvir na laranjeira, a tarde,
Cantar o sabiá!

Quero ver esse céu da minha terra
Tão lindo e tão azul!
E a nuvem cor de rosa que passava
Correndo lá do sul!

Quero dormir á sombra dos coqueiros
As folhas por dossel;
E ver apanho a borboleta branca
Que voa no vergel!

Quero sentar-me á beira do riacho,
Das tardes ao cair,
E sozinho cismando no crepúsculo
Os sonhos do porvir!

Se eu tenho de morrer na flor dos anos,
Meu Deus! não seja já;
Eu quero ouvir na laranjeira, a tarde,
Á voz do sabiá!

Quero morrer cercado dos perfumes
Dum clima tropical,
E sentir, expirando, as harmonias
Do meu berço natal!

Minha campa será entre as mangueiras
Banhada do luar,
E eu contente dormirei tranquilo
Á sombra do meu lar!

As cachoeiras chorarão sentidas
Porque cedo morri,
E eu sonho no sepulcro os meus amores
Na terra onde nasci!

Se eu tenho de morrer na flor dos anos,
Meu Deus! não seja já;
Eu quero ouvir na laranjeira, à tarde,
Cantar o sabiá!

Casimiro José Marques de Abreu, também romântico escreveu uma das variações da canção ao Brasil; Mais pessimista seu tom é dos lamentos chorosos que caracterizavam os jovens poetas entediados da metade do século XIX.

Por
Poeta do Sertão
em
26-07-2016

segunda-feira, 25 de julho de 2016

"SOMBRAS DO PASSADO"




Que importa
Se passado distante
Tornar-se sombras em meu viver
Entre as frestas da porta

Se em minha mente reacender
O passado que luto pra esquecer
Nestes momentos de incertezas 
Lutarei para te esquecer 

Daquilo que distante ficou
Esquecer o que se passou
Nada mais sobreviverá 
São folhas mortas em pleno ar

A importância dos sentimentos 
Só lagrimas e lamentos
O presente do passado  se libertou
Lembranças foi o que restou

Que importa
O sol a primavera toda quimera
Todos os beijos e caricias 
Hoje já não nos satisfaz 

Que importa  
Se o amor não existe mais
Para que as sombras persistir 
Deixe-me em frente seguir

Sombras do passado
Que insistem em permanecer
Presente na mete 
De quem só pretende esquecer


               Poeta do Sertão
                    

sábado, 23 de julho de 2016

"A DAMA DOS MEUS SONHOS"

"A DAMA DOS MEUS SONHOS"


Quando te vi
Entre flores e estrelas
Margaridas brancas
Essências para lhe perfumar

És a dama 
Dama dos meus sonhos
Nas noites frias 
Ter-te junto a mim bom seria

Numa noite 
De prateado luar
Solitário, adormecido
Contigo a sonhar

Sonhos, oh dama dos sonhos meus
De tão lindos e negros cabelos
Pergunto a meu coração
Como acalmar esta solidão


                  Poeta do Sertão
                       20-07-2016 

sexta-feira, 22 de julho de 2016

"O MEU PSICÓTICO SER"






Apodera-se de mim
Profunda magoa tristeza sem fim
Tira-me a razão toda beleza
Deixando-me abater,

Este meu psicótico ser
Surto que ocupa-se de mim
Me levando a vagar sem querer
Por uma escuridão sem fim

Duradouros ou breves
O meu surto psicótico faz me delirar
Beira em mim a depressão
Um vácuo ocupa-me o coração

Por vezes estou tão feliz
Descontraído flutuando levemente a sorrir
Vejo-me por bosques e florestas
Entre passarinhos a procura de um ninho
Onde possa me encontrar

Estenda-me as mãos
Sinto por momentos sem direção
Este meu fiel e persistente surto a me rondar
Deixa-me tão distante, ausente

Por quanto tempo
Impassível irei permanecer
Preciso de suas mãos
Abraça-me preciso renascer 




                 Poeta do Sertão 

sexta-feira, 1 de julho de 2016

"VOCÊ É ASSIM"




Você é assim 
começo ou fim 
Um não ou um sim
Uma rosa bela no jardim

O mar a se balançar
Uma noite entregue ao luar
A primavera a se anunciar
Perfume em pleno ar

Você é assim
Um lindo anjo querubim 
Beleza horizonte a despontar
Contigo as estrelas a brilhar

Você é assim
Um tudo ou nada
Como a natureza harmônica passarada 
Uma moça primavera enfeitiçada 

Você é assim
Tão linda miragem tão bela parecer
Beleza deslumbrante alvorecer 
Um sonho inevitável você amanhecer  


                Poeta do Sertão
                     01-07-2016